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A VOCÊSVocês que passeiam de orgia em orgia,
E têm banhos de «waters» bem quentes!
Vocês não se envergonham ao lerem nos jornais
As citações para a cruz de São Jorge?
Sabem vocês, os tacanhos, os muitos,
Vocês que pensam só em encher a pança,
Se neste mesmo instante não estará uma bomba
A arrancar as pernas ao tenente Petrov?
E se ele, levado ao matadouro,
Conseguisse, do abismo dos ferimentos,
Ver-nos, com o beiço a luzir de gordura,
Cantando, galhofeiros, versos de Severianine? (1)
A vocês, pois, amigos de mulheres e bom trato,
Imolar-vos a vida só p’ra vosso prazer?
Eu cá por mim antes quero servir
Sumos de ananás num bar de putas.
(1915)
(1) – Igor Severianine: poeta muito popular na época, cuja poesia Vladimir Maiakovski afirmava ser feita «para as salas de chá dos grandes armazéns». Durante a guerra de 1914/1918, Severianine escrevia:
Eu canto a santa cobardia
Em nome do sonho e da vida
(extraído do livro «Maiakovski - Autobiografia e Poemas» - Editorial Presença, 2ª. edição, Junho de 1977 - tradução de Carlos Grifo)
Virão mais?
ResponderExcluirCertamente, mal haja oportunidade.
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