sexta-feira, 30 de abril de 2010

OLHEM A REFER...

Os cinco administradores da REFER ganharam 461 mil euros em conjunto, cerca de 13% acima do que tinham auferido em 2008, ou seja, 408 mil euros. Luís Pardal, presidente do conselho de administração da REFER, recebeu mais 10 mil euros que no ano precedente.

Eis o que se passa na REFER – empresa que fechou estações (como sucedeu na Cruz Quebrada), reduziu drasticamente o horário de atendimento ao público das restantes, colocou em muitas delas surrealistas máquinas (importadas) de venda de bilhetes (“bilhética de contacto”) que estão bem longe de cumprir integralmente a missão das antigas bilheteiras, contratou seguranças privados para as estações e para os comboios em circulação e gastou rios de euros na instalação de câmaras de videovigilância!

Como vêem, uma gestão “eficiente” como esta tem que ser bem recompensada, não acham?...

Estamos em crise? Mais uma razão para recompensar bem!!!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

VIVA O 1º. DE MAIO!

Sessão/Debate
A luta contra o PEC e a greve geral
15 horas - Hotel Roma - Sala Roma

Divulga e participa!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

AGENDEM


- Domingo, dia 25 de Abril, Garcia Pereira vai estar no programa «Trocado por Miúdos», do Rádio Clube Português, o qual terá como tema o 25 de Abril. O programa irá para o ar entre as 13 às 14 horas.

- Na segunda-feira, dia 26, pelas 19 horas e 55 minutos, na RTP1 (antecedendo o telejornal), irá para o ar o tempo correspondente ao Direito de Antena do nosso partido. Nele tomará a palavra o camarada Garcia Pereira.

DESEMPREGO CONTINUA A SUBIR

Enquanto a senhora ministra do Trabalho abria em Braga mais uma iniciativa de apresentação de trabalho precário (só podia!...), eis que o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) lançava a público os últimos números sobre o desemprego, relativos ao passado mês de Março.

O desemprego registado no Continente e Regiões Autónomas nos centros de emprego do IEFP abrangeu, em Março último, 571.754 pessoas, o que corresponde a uma subida de 18,1 por cento face ao período homólogo de 2009.

Comparativamente com o mês de Fevereiro, registou-se um aumento de 1,9 por cento no número de desempregados registados.

ACORDO ORTOGRÁFICO

Amanhã, sábado, pelas 21 horas, efectua-se na «Voz do Operário», em Lisboa, uma sessão pública do movimento «NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!».
Entre os oradores convidados vai estar o camarada Garcia Pereira.
Compareçam!

terça-feira, 20 de abril de 2010

360 MIL DESEMPREGADOS COM SUBSÍDIOS EM ATRASO

Mais de metade dos desempregados - 64,17 por cento - ainda não recebeu o subsídio de desemprego referente a Março. O atraso está a afectar cerca de 360 mil pessoas. E já vamos a mais de metade do mês de Abril!

Desculpa do governo: existiu um problema informático…

Trabalhadores despedidos, subsídios miseráveis - e ainda por cima pagos a más horas…

segunda-feira, 19 de abril de 2010

GREVE NA GALP ENERGIA

O primeiro dia de greve dos trabalhadores da Galp Energia está a registar uma adesão de 85 por cento.
 
A greve de três dias dos trabalhadores da Galp Energia deve-se à recusa da empresa em aumentar os salários em cerca de 2,8 por cento, propondo a administração apenas 1,1 por cento de aumento. Outro dos motivos da greve prende-se com a não distribuição dos lucros da empresa referentes a 2009, ao contrário do que tem sido prática habitual nos últimos cinco anos.

EVOCANDO MAIAKOVSKI

Vladimir Maiakovski (1893-1930), grande poeta russo. No dia 13 de Abril passaram 80 anos sobre a sua morte.

*
«Em New York, uma vez, perguntaram ao poeta se era verdade que ele havia feito para seu governo versos sobre carneiros. Maiakovski respondeu: É preferível escrever sobre carneiros para um governo inteligente do que para carneiros sobre um governo idiota

(in «Maiakovski: Vida e Obra», de Fernando Peixoto - 3ª. edição - Rio de Janeiro, Paz e Terra - 1986)

GUERRA TOTAL AO PEC! (comunicado)

À consideração de todos vós, aqui damos nota do último comunicado emitido pelo Comité Central do PCTP/MRPP.


*
Guerra total ao PEC!
GREVE GERAL NACIONAL!


Há escassos seis meses, o Partido Socialista de José Sócrates obteve a maioria relativa dos votos nas eleições legislativas, com base nas seguintes promessas:

- Seria reforçado o apoio às principais vítimas da crise económica, designadamente os desempregados e os que vivem em situação de pobreza;

- Seria garantida a actualização dos salários, das pensões de reforma e das prestações sociais, de acordo com a subida dos preços e os aumentos de produtividade;

- Não seriam aumentados os impostos sobre a população trabalhadora;

- O Estado assumiria um papel decisivo no combate à presente crise, apoiando as actividades económicas e fomentando o emprego, realizando investimentos produtivos em sectores-chave e salvaguardando a participação estatal em áreas e empresas estratégicas para o país.

Agora, apenas meio ano volvido, o PS e o Governo, apoiados pelo Presidente da República e pelos partidos da oposição parlamentar, sobretudo o PSD e o CDS, levam a cabo uma espécie de “golpe de Estado” contra as classes trabalhadoras, impondo a substituição do programa eleitoral do PS por um chamado “Programa de Estabilidade e Crescimento” (PEC) que:

- Retira ou diminui drasticamente os apoios, já de si insuficientes, às principais vítimas da crise económica, designadamente os desempregados e os pobres;

- Congela, por um período que pode ir até três anos, os salários, as pensões de reforma e as prestações sociais, incluindo as de mais baixo montante;

- Aumenta brutalmente os impostos sobre a população trabalhadora;

- Elimina as políticas públicas de incentivo à actividade económica, de fomento do emprego e de realização de investimentos estratégicos, e decide vender todas as empresas públicas ou em que o Estado tem uma participação estratégica, como a TAP, a EDP, a GALP, a PT, a REN, a CP, etc.

Pela forma ínvia, traiçoeira e antidemocrática como perpetraram este ataque contra a população pobre e trabalhadora, os seus autores – o Governo, o Presidente da República e os deputados que sancionaram o PEC – perderam a legitimidade democrática de que estavam investidos. São agora os trabalhadores portugueses e todos os que são as vítimas anunciadas do PEC que são portadores de um mandato democrático para os combater nas empresas e locais de trabalho, nas ruas, nas praças e em toda a parte, até que aquelas medidas sejam revogadas.

O défice e a dívida pública excessivos, que servem de justificação para o PEC, já existiam antes das eleições de 27 de Setembro de 2009. Mais importante do que isso, tal défice e tal dívida não foram contraídos em benefício do povo português, mas foram-no sim em benefício exclusivo das grandes instituições financeiras – a quem foram e continuam a ser entregues, a fundo perdido, milhares de milhões de euros retirados ao tesouro público – e de um sector restrito de grandes capitalistas e seus homens de mão no Estado e nas empresas. Por esta razão, devem os trabalhadores portugueses rejeitar frontalmente qualquer responsabilidade no financiamento do défice e no pagamento da dívida pública.

O PEC é um simples instrumento de saque e de rapina sobre os trabalhadores, não estando no mesmo prevista nenhuma medida que belisque, no mínimo que seja, os lucros fabulosos da banca, das instituições financeiras e dos grandes grupos económicos que, como agências locais do grande capital internacional, são os principais responsáveis pela crise actual. Também por este motivo é legítima a revolta e a desobediência civil contra o PEC.

A razão imediata do PEC foram os cerca de 4 mil milhões de euros que o Governo Sócrates utilizou para “salvar o sistema financeiro” e que fizeram disparar o défice das contas públicas. Agora, é o mesmo “sistema financeiro”, nacional e internacional, que vem especular sobre a dívida pública portuguesa, fazendo com que o serviço da mesma (juros e amortizações) absorva já mais de metade do rendimento anual médio de cada cidadão nacional.

O PEC destina-se precisamente a alimentar esta infernal espiral de dívida. Como resultado, o país será inevitavelmente mergulhado numa nova e mais grave depressão económica, o desemprego atingirá seguramente os níveis mais altos de sempre (15 a 20%), milhares de pequenas e médias empresas fecharão as suas portas e um número indeterminado de portugueses serão literalmente mortos por fome e por doença. No final de tudo isto, Portugal terá perdido a fraca capacidade produtiva que ainda lhe resta, precisará de contrair novos empréstimos a juros cada vez mais altos, e novos planos de austeridade virão para continuar a sugar o suor e o sangue das classes trabalhadoras, enquanto uma minoria continuará a acumular fortunas fabulosas, como acontece actualmente.

- É preciso romper esta engrenagem mortal que asfixia o país e liquida as suas forças produtivas! Há que recusar qualquer responsabilidade no pagamento da dívida pública da classe dos grandes capitalistas e seus lacaios.

- É urgente impor um plano de crescimento e desenvolvimento assente no controlo público dos sectores estratégicos da economia, na drástica redução dos leques salariais, na redução dos horários de trabalho, na promoção do pleno emprego, na educação e na formação profissional, e na modernização tecnológica.

- Há que realizar imediatamente os investimentos públicos que permitam tirar partido das condições naturais e geográficas privilegiadas de que o país dispõe e que podem fazer de Portugal a principal placa giratória, em termos económicos, comerciais e culturais, entre a Europa e os demais continentes.

- Há que alterar radicalmente os termos da participação de Portugal na União Europeia, de forma a que o país deixe de ser um protectorado da Alemanha e dos países mais ricos da mesma UE, com as consequências que o actual PEC bem exemplifica.

Na grave situação presente, é às classes trabalhadoras que compete tomar em mãos os destinos do país. Representando o PEC uma guerra declarada pela classe capitalista aos trabalhadores portugueses, estes devem responder na mesma moeda, declarando uma guerra total ao PEC e à classe capitalista.

Existem já inúmeros sectores de trabalhadores que se puseram já em movimento, através de uma série de acções de resistência e de greves sectoriais. Estas iniciativas devem ser feitas convergir num protesto comum e a uma só voz.

Os trabalhadores portugueses devem propor e, se necessário, impor às centrais sindicais a convocação e preparação de uma GREVE GERAL NACIONAL contra o PEC, por aumentos salariais condignos, por uma forte diminuição dos leques salariais, pela redução dos horários de trabalho e contra o desemprego.

Lisboa, 15 de Abril de 2010

O Comité Central do PCTP/MRPP

quinta-feira, 15 de abril de 2010

PRÉMIOS...

Zeinal Bava, da PT e António Mexia, da EDP, foram esta semana eleitos como os melhores presidentes executivos de empresas europeias no sector das telecomunicações e da energia.
Tais prémios resultaram de uma votação de 1094 analistas de 146 casas de investimento (casas de investimento e não casas de passe, notem).
Ora, sendo os referidos analistas gente idónea e cheia de sabedoria, agora se pode compreender melhor que os vencimentos e prémios daqueles gestores de topo, que tanta tinta têm feito correr, são mais do que justos!...
Bava e Mexia, portanto, têm sido "injustamente tratados" pelos críticos…

SOMINCOR - NEGOCIAÇÕES PROSSEGUEM

Os trabalhadores das minas de Neves-Corvo, em Castro Verde, decidiram no último domingo conceder um prazo à administração da Somincor, até sexta-feira, para a conclusão das negociações sobre as reivindicações dos mineiros.
«As questões principais das negociações têm de ser as que estiveram na origem da greve, o subsídio de fundo e a compensação do dia de Santa Bárbara», disse Jacinto Anacleto, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), depois do último plenário de trabalhadores, realizado em Aljustrel.
«Os trabalhadores estão disponíveis para negociar tudo o que está na agenda da empresa, mas é fundamental a questão do subsídio de fundo», frisou o sindicalista.
Neste plenário os trabalhadores mostraram grande disponibilidade para voltar à greve, caso as negociações não sejam bem sucedidas.
Novo plenário de trabalhadores está já marcado para o próximo domingo, dia 18.
Recorde-se que os mineiros Somincor estiveram em greve 43 dias, uma das mais longas que há memória, sempre com grande adesão.

sábado, 10 de abril de 2010

RUPTURA (ainda a propósito da Grécia)

Há mais ou menos um ano atrás os governos dos países da União Europeia nacionalizaram os prejuízos do grande capital, desligaram este dos compromissos e das dívidas para com o pequeno e médio capital, e utilizaram à grande e à francesa os dinheiros públicos para “salvar o sistema financeiro”, cortando nas despesas sociais e no investimento público e ocasionando uma drástica subida da dívida pública e dos défices orçamentais. Agora, eis que o mesmo “sistema financeiro” vem junto dos Estados mais débeis, cujos governos, para já, o “salvaram” do colapso, exigir, tostão a tostão, as dívidas vincendas, montando uma enorme operação especulativa sobre os défices públicos. Ainda por cima, tal “sistema financeiro” pretende responsabilizar os povos desses países pelos seus crimes e negociatas e forçar esses mesmos povos a pagar em dobro, mediante aumentos galopantes nos respectivos juros, os serviços das dívidas que tais governos lhes impuseram.

O caso da Grécia é apenas o mais recente e brutal exemplo desta realidade. Com uma dívida acumulada de cerca de 290 mil milhões de euros e com um défice nas contas públicas de cerca de 13 por cento do PIB, o Estado grego é constantemente levado a contrair novos empréstimos para refinanciar a dívida, tendo de o fazer a juros cujas taxas são constantemente aumentadas. Sob a pressão dos actuais e potenciais credores e dos órgãos da União Europeia, e sem nunca pôr em causa as regras viciadas do jogo em que se vê envolvido, o governo grego fez aprovar no parlamento brutais medidas de austeridade, logrando aumentar ainda mais a taxa de desemprego e comprometendo qualquer possibilidade de desenvolvimento. Amarrado à moeda única europeia e ao “Pacto de Estabilidade e Crescimento” assinado como condição de adesão ao euro, o Estado grego não mais conseguirá sair da espiral dramática em que foi introduzido pelas classes dominantes europeias, incluindo a sua própria.

O resultado imediato da “falência” do Estado grego é a sua “nacionalização” pelos países que dirigem a UE, com um papel destacado da Alemanha. Em lugar de tomarem, entre outras, uma medida tão simples como seria a instituição de títulos de dívida europeus a uma taxa única e comum para todos os países que os emitissem, medida esta que só por si eliminaria aquela situação de “falência”, as classes capitalistas europeias e o Estado alemão, o qual emerge claramente como a face visível do “Estado europeu”, pretendem servir-se do caso grego para impor a chamada “união política europeia” e o “governo económico europeu”, ou seja, para legitimar e institucionalizar a condição de protectorados europeus e alemães aos países mais pobres e dependentes da UE.

A situação da Grécia apresenta muitas semelhanças com o caso português. Em ambos os casos o novo governo, saído de eleições realizadas na mesma altura (Outono passado), é dirigido por um partido “socialista” e está a perpetrar uma violação em toda a linha das suas propostas e programas eleitorais. Do mesmo modo, ambos funcionam como meras correias de transmissão dos ditames da UE e do grande capital financeiro sobre os respectivos povos.

Há que colocar sob o controlo das massas trabalhadoras e das suas organizações os sistemas financeiros de cada país, assim como os sectores básicos da economia. Impõe-se uma moratória imediata sobre o serviço da dívida, de forma a colocar todos os recursos ao serviço de novos modelos de desenvolvimento, a responsabilizar quem o tem de ser pelo pagamento dessa dívida e a renegociar todos os compromissos externos, com particular destaque para os que decorrem da participação na UE.

Uma ruptura? Sim. Mas não há outro caminho!

CITAÇÃO SEM COMENTÁRIOS...

«Os alemães é que disseram que querem expulsar quem não cumprir com as regras. Devo dar-vos um conselho, a vós, portugueses: não sejam neutros neste assunto. Vocês são as próximas vítimas.»

Theodoros Pangalos (número dois do Governo da Grécia, em entrevista  esta semana ao «Jornal de Negócios»)

FUTEBOL FEMININO NO JAMOR

O Estádio Nacional recebe hoje, durante todo o dia, um festival dedicado à promoção do futebol feminino. A iniciativa integra-se na final da Taça de Portugal, a qual é jogada pela primeira vez no relvado principal do Estádio do Jamor. A final tem lugar pelas 16 horas, com entradas gratuitas. Defrontam-se as equipas femininas do União 1º. de Dezembro e do Boavista FC.
O tempo está bom, a sugestão aqui fica.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

LUTA DOS MINEIROS DA SOMINCOR

No passado dia 1, os mineiros da Somincor (Minas de Neves-Corvo) decidiram suspendar a greve que durava desde o dia 16 de Fevereiro. A administração da empresa dispôs-se a negociar as reivindicações apresentadas.Os trabalhadores reivindicam um aumento de cem euros no subsídio de fundo (atribuído aos trabalhadores que trabalham no fundo da mina) e “o pagamento dos 50 por cento em falta da compensação do dia de Santa Bárbara” (padroeira dos mineiros) de 2009, bem como “a garantia do pagamento da compensação na totalidade este ano e nos próximos anos”.
Foram 43 dias de greve, 2 horas no início de cada turno, nos quais os trabalhadores, honrando as tradições de luta do sector mineiro, permaneceram sempre firmes no combate.

As negociações iniciaram-se na última quarta-feira, às 14 horas, na sede da Somincor, em Castro Verde e, tanto quanto sabemos, continuam em curso. No próximo domingo os trabalhadores reunem para análise do processo negocial.

É extremamente importante esta luta. Ela tem que sair vitoriosa!

terça-feira, 6 de abril de 2010

DESEMPREGO JOVEM NA GRÉCIA... E O INEVITÁVEL SOARES!

- A taxa de desemprego juvenil na Grécia deverá atingir até final deste ano os 28 por cento, segundo estudo recentemente divulgado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
«A probabilidade de um jovem grego se encontrar no desemprego de longa duração é duas vezes maior do que para os seus homólogos na maioria dos países da OCDE», refere ainda o estudo daquela organização.
A OCDE considera que esta situação resulta «do nível relativamente elevado dos custos de mão-de-obra e das regras de despedimento muitos rígidas». Só que existe um facto que a OCDE escamoteia: o facto de os salários dos jovens gregos serem dos mais baixos de toda a União Europeia…

- Hoje, em artigo inserto no «Diário de Notícias», o Dr. Mário Soares, defendendo a necessidade de um «novo modelo de desenvolvimento», aparece-nos a dizer que, face à crise actual, «não é o capitalismo que está em causa» (onde é que já ouvimos isto e quantas vezes?!...)… O que está em causa, segundo ele, é a «ética» e a «desregulação»
Como se existisse ética no capitalismo e a desregulação não fosse a bíblia do mesmo!
O que é evidente, mais uma vez, é que o Dr. Soares tem medo, como sempre teve, de outra coisa: da revolução! Medo como o Diabo (com ou sem «novo modelo de desenvolvimento») tem da Cruz!!!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

«LIBERDADE» - um poema de Paul Éluard

LIBERDADE

Nos meus cadernos de escola
Na minha carteira e nas árvores
Nos areais e na neve
Escrevo o teu nome

Em todas as páginas lidas
Em todas as páginas brancas
Pedra sangue papel cinza
Escrevo o teu nome

Sobre as imagens douradas
Nos estandartes guerreiros
Tal como na coroa dos reis
Escrevo o teu nome

Nas selvas e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
No eco da minha infância
Escrevo o teu nome

Nas maravilhas das noites
No pão branco dos dias
Nas estações enlaçadas
Escrevo o teu nome

Nos meus farrapos de azul
No pântano sol alterado
No lago luar vivente
Escrevo o teu nome

Nos campos do horizonte
Sobre umas asas de pássaro
Sobre o moinho das sombras
Escrevo o teu nome

Em cada sopro de aurora
Na água do mar e nos barcos
Na serrania demente
Escrevo o teu nome

Na clara espuma das nuvens
Nos suores da tempestade
Na chuva insípida e espessa
Escrevo o teu nome

Nas formas resplandecentes
Nos sinos de muitas cores
Sobre a verdade da física
Escrevo o teu nome

Nas veredas bem despertas
Nos caminhos descerrados
Nas praças que se extravasam
Escrevo o teu nome

Na lâmpada que se acende
Na lâmpada que se apaga
Nas minhas casas unidas
Escrevo o teu nome

No fruto partido em dois
do meu espelho e do meu quarto
Na cama concha vazia
Escrevo o teu nome

No meu cão guloso e meigo
Nas suas orelhas erguidas
Na sua pata sem jeito
Escrevo o teu nome

Na soleira desta porta
Nos objectos familiares
Na língua de puro fogo
Escrevo o teu nome

Em toda a carne que tive
Na fronte dos meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo o teu nome

Na vidraça das surpresas
Nos lábios que estão atentos
Muito acima do silêncio
Escrevo o teu nome

Nos meus refúgios desfeitos
Nos meus faróis aluídos
Nas paredes do meu tédio
Escrevo o teu nome

Na ausência sem desejo
Na solidão despojada
Na escadaria da morte
Escrevo o teu nome

Sobre a saúde refeita
Sobre o perigo dissipado
Sobre a esperança esquecida
Escrevo o teu nome

E pelo poder da palavra
Recomeço a minha vida
Nasci para te conhecer
Nasci para te nomear

Liberdade

Paul Éluard (França, 1895-1952)